quinta-feira, 3 de abril de 2008

Esperaram o carnaval passar, para que a dengue fosse combatida, agora é a dengue que faz o seu próprio carnaval.

26 de Fevereiro de 2002. Uma matéria publicada no New York Times já alertava para o risco de maior epidemia ocorrida no Brasil, nos últimos anos, além do rápido crescimento dos casos de Dengue no Rio de janeiro e em São Paulo. Ao buscar um parecer dos governantes, LARRY ROHTER , (repórter responsável pala matéria do NY Times) assistiu a um “jogo de empurra” entre os dirigentes. Serra, afirmou ao jornal norte americano que o período de chuva e calor, é um dos principais fatores para que os casos de dengue sejam cada vez mais crescentes no estado. Mas além disso, responsabilizou os governos por não utilizarem as verbas destinadas ao controle de propagação das epidemias, de maneira correta. Já Anthony Garotinho, que era então o governador do Rio de Janeiro na época, devolveu a acusação afirmando que as verbas foram utilizadas em campanhas de vacinação e em outras doenças.

Abril de 2008. Já são 67 mortes causadas pela dengue, e mais de 57 mil casos confirmados da doença. Segundo o último relatório, 58 casos ainda estão sendo investigados com suspeita de causa pela mesma doença. Seis anos se passaram, mas o problema persiste, e desta vez com mais gravidade.

Em uma matéria divulgada hoje, no jornal Washington Post, é possível identificar a indignação da população no que diz respeito a ação dos governantes. Nessa matéria, Isabel Belo, de 35 anos afirma que o governo não agiu para combater a epidemia até que o problema estivesse fora de controle. Agora, são dezenas de cartazes espalhados por toda a cidade. Isabel, tem uma filha de 11 anos com suspeita da doença. Em entrevista ao mesmo jornal, o Sr. Wellington Sun, chefe da filial da dengue para os centros dos Estados Unidos, afirma que o mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, encontrou na América Latina um ambiente perfeito para sua proliferação, já que o mosquito necessita apenas de um pouco de água parada para se reproduzir. Para ele, eliminar os focos de reprodução da dengue, é uma tarefa muito difícil quando a coleta de lixo é irregular e os serviços de saneamento são escassos. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou em depoimento para o mesmo jornal que, se os cidadãos não se conscientizarem de que é preciso manter limpas as ruas, as suas casas, e as suas cidades, todos os brasileiros serão vítimas da irresponsabilidade.

Opinião:

Seis anos se passaram, mas o problema persiste, e desta vez com mais gravidade. A cada dia, novos relatórios surgem, com novos números confirmando o aumento de casos da doença, e o aumento de mortes decorrentes desta. Tropas do exército foram mobilizadas para auxiliar no atendimento aos doentes, já que o Sistema Único de Saúde não tem sido suficiente para tal. Ainda faltam médicos. Senhas são distribuídas, e as pessoas que não conseguem obter essas senhas, entram em desespero, e ficam peregrinando de posto em posto até que consigam ser atendidas. As crianças são as mais afetadas. Medidas de urgência tentam auxiliar na resolução destes problemas. Equipes médicas são deslocadas para auxiliar os doentes no Rio de Janeiro e ainda assim, não é o bastante. Diversas pessoas estão sem atendimento. Diversas pessoas morrem sem atendimento. Eu me pergunto: Como é possível, em pleno século XXI uma epidemia de dengue provocar tantas mortes? Logo, obtenho a resposta: Estamos no Brasil. Um país que tem ainda, muito o que aprender quando o tema é responsabilidade social, um país que precisa se conscientizar de que o Governo deve ser governado em prol da população, e não da elite de ratos dominantes, que ocupam as cadeiras das assembléias espalhadas por todo o país. Um país que precisa cuidar de si mesmo, ir à luta, cobrar uma ação preventiva. Porque se a população for esperar uma campanha de prevenção da dengue, para limpar suas casas, suas ruas, suas cidades, infelizmente acontecerá o que está acontecendo no Rio de Janeiro. Nós como cidadãos não podemos ficar de braços cruzados também. Temos que fazer nossa parte, e principalmente, depois que a epidemia passar, relembrá-la, nas urnas.



Fontes pesquisadas:

The New York Times;

WashigtonPost;

Folha on line;

G1;



Um comentário:

Luana Borges disse...

Histórico da dengue no Brasil (fonte: site uol)

Na verdade o descontrole da dengue no Brasil é histórico. O primeiro surto da doença (pasmem) foi em 1692 e matou 2000 pessoas em Salvador. Em 1846, a doença já era considerada como epidemia no Brasil e, a partir daí, atingiu vários estados, incluindo Rio de Janeiro e São paulo. Em 1903, Oswaldo Cruz, implantou um programa de combate ao mosquito que se prolongou por anos. O mosquito chegou a ser erradicado no Brasil na década de 50, mas retornou, e na década de 80 houve uma epidemia de dengue em Roraima. Em 1986 houve uma epidemia de dengue no Rio de Janeiro e algumas áreas urbanas do Nordeste, na ocasião mais de 50.000 casos foram confirmados. Em 1998, houve uma pandemia com mais de 500.000 casos no país. O vírus se espalhou por todo o país, com o Nordeste atingindo o maior número de casos. Outra epidemia de dengue aconteceu entre 2001 e 2003.